Futuro, por Flávio Maneira

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RELEMBRAR O PASSADO,  tanto as coisas boas (viagens inesquecíveis, amores, infância, amigos engraçados), como coisas não tão boas inerentes a nossa vontade (perdas, separações, etc) inquestionavelmente fazem bem para nós e para nosso cérebro.

Isso mesmo, as coisas boas nos proporcionam reações neuroquímicas que trazem “prazer”, quanto as coisas “não tão boas”, elas sim reforçam nossas redes neurais fortalecendo assim nossas “experiências” negativas, para quando acontecer algo similar e/ou igual…estarmos preparados para lhe dar melhor com a sutuação.

VIVER O PRESENTE, é estar aberto a mudanças necessárias, a busca contínua pelo autoconhecimento e pela aguçada capacidade de aumentar o seu poder de percepção, enfim…esse é o estado principal do que todos buscam: ser feliz.

PLANEJAR O FUTUROé arquitetar sonhos, é construir possibilidades e principalmente ser o engenheiro responsável pela “ponte” do que você quer para como irá conseguir.

Pense nisso.

Recomendo um texto de um grande amigo e consultor que fala sobre “futuro” e sobre “conhecimento” como forma de reflexão e de transformação em coisas que parecem “complexas” mas no fundo são “simples”, basta ser autêntico consigo mesmo para aplicá-las, esse sim é o grande desafio.

Aprendizes do Futuro: como incorporar conhecimento e transformar realidades, autor Eduardo Carmello

Para suportar as intensas mudanças nos próximos 10 anos, Aprendizes do Futuro compreendem que é necessário criar estratégias de capacitação onde a atenção esteja focada não no ensinar, mas no fomento da aprendizagem autodirigida, que modifica o desempenho e pode transformar realidades.

Num futuro próximo, educadores e gestores precisam saber criar situações e ambientes em que os aprendizes possam ser originais e sintam um alto nível de gratificação pessoal (sucesso psicológico, afirmação, sensação de ser eficaz) e profissional. Mais do que transmitir conteúdos ou construir exames, precisam ajudar os aprendizes a desenvolver seus talentos e saber empreender, pois estas serão atividades educacionais fundamentais para que o mesmo saiba agir e criar “seu próprio mundo” sustentável.

Aprendizes do Futuro estão criando uma nova forma de “ser” e “conviver”, e assim, criando um novo mundo. Este é uma ótima oportunidade para escolas, organizações, educadores e líderes compreender como os “Aprendizes do Futuro” estão desenvolvendo estratégias para “Ganhar a Vida”.

Deixe-me explicar o que eu chamo de Aprendizes do Futuro:

 

1 – São crianças, adolescentes e adultos que se sentem incomodados, angustiados e frustrados por receber um conjunto muito grande de informações irrelevantes, desinteressantes, que não acrescentam em nada na conquista de seus objetivos ou nos desafios reais que a vida lhe proporciona. Os aprendizes do Futuro “crianças”, que ainda não têm capacidade de argumentação convincente, se expressam com irritação, incômodo ou desafeto com a escola, com professores, pais e muitas vezes, com a vida.

2- Aprendizes do Futuro que são “adolescentes e adultos” estão se virando melhor: acabam por criar, sozinhos ou em grupos, estratégias de aprendizagem bastante eficazes que garantam adquirir, incorporar e manifestar conhecimentos relevantes, mantendo-os atualizados e melhor preparados para lidar com as exigências da vida, agora e no Futuro.

Aprendizes do Futuro compreendem que aprender é modificar-se. Os desafios reais da vida oferecem grandes oportunidades para que eles se desenvolvam e aprendam a transformar conhecimento em riqueza econômica e social. Perceberam sozinhos que isso não se faz somente com saber declaratório (aquisição e memorização de dados, eventos e fatos). Acontece com saber procedural (aquisição de habilidades motoras, sensitivas e intelectuais que o levem a agir eficaz e corretamente).

Exemplo de aprendiz do Futuro

 

Joaquim tem 10 anos. Joga bola como ninguém. É um menino muito esforçado e criativo, mas tem muita dificuldade com Português, especialmente gramática.

Além das 5 horas na escola, é praticamente “obrigado” a ficar mais duas ou três horas fazendo lição de casa. Precisa se esforçar muito para tirar uma nota “C”, numa habilidade/talento que não é o forte dele.

Aos 10 anos, já está acostumado a estudar coisas que não são tão interessantes ou relevantes para ele. Por vezes fica irriquieto, ansioso e não gosta de fazer lição de casa. Há 3 anos está de reforço em Português.

O curioso é que esse aluno regular, que tem dificuldade de aprender gramática ou o verbo “to be”, de forma quase mágica, aprendeu rápida e eficazmente um jogo na internet chamado Colheita Feliz. Partiu do nível zero de conhecimento sobre o assunto para, em dois meses, fazer três milhões de moedas amarelas.

Aprendeu também em duas semanas a andar de skate, com um nível de proficiência muito boa.
Quem ensinou? A escola, os pais? Não. Os amigos…. com uma estratégia de aprendizagem um pouco diferente do que é utilizado na escola.

Joaquim representa um grande número de crianças, adolescente e adultos com conhecimento “acadêmico” mediano, que talvez seja “regular” em saberes declarativos (não se lembra quem Descobriu o Brasil ou a fórmula da Energia). Mas são considerados verdadeiros talentos (e porque não dizer gênios) quando se relacionam com situações espontâneas e reais, agindo como eficazes “atores”, com elevado conhecimento sobre saberes procedurais (é um ótimo escultor, faz um poema como ninguém, ajuda a mãe em todas as tarefas de casa).

Percebemos que esses “seres” vão aprendendo rápida e consistentemente à medida que fazem tarefas com alto interesse e com objetivos que compreenderam como importantes para o seu desenvolvimento e ou para a realização de um projeto de sua necessidade ou desejo.

Como aprendem os aprendizes do Futuro

 

Quando estudamos Vygotsky (1978) e seu conceito de auto-regulação, compreendemos que a aprendizagem de conhecimentos e de habilidades ocorre num contexto social onde um ser com maior aptidão (adulto ou criança) guia ou orienta a atividade de um com menor aptidão.

Podemos observar que, segundo este princípio, a autoregulação acontece tanto na escola quanto no jogo da Colheita Feliz. Mas o que há de diferente?

O que temos observado é que a aprendizagem torna-se mais efetiva quando há um legítimo interesse por parte do aprendiz e quando os conteúdos estão intimamente ligados à realidade de sua vida, a objetivos práticos que o aprendiz está interessado em alcançar.

O Joaquim não sabe em que ano o jogo Colheita Feliz foi lançado, quem o produziu, ou porque o criador o fez. O seu amigo-tutor não lhe ensinou isso.
Mas ele sabe jogar e aprendeu rapidamente a ganhar suas moedas amarelas. Durante a estratégia de aprendizagem guiada, o amigo do Joaquim, por telefone, vai informando o “como se faz”, passo-a-passo, garantindo o domínio necessário das tarefas que ele precisa realizar para se sair bem no jogo.
Quando o amigo/tutor percebe que o Joaquim vai ganhando o saber-fazer (conhecimentos e as habilidades) o mesmo lhe entrega, cada vez mais, o domínio e a responsabilidade das operações.

O aprendiz, à medida que ganha o domínio das atividades, interioriza os procedimentos e os conhecimentos envolvidos, manifestando cada vez mais e melhor sua autoregulação, o domínio das tarefas e habilidades envolvidas.

Os aprendizes do Futuro, ao aprimorar seu saber procedural, ganham juntos a autoestima e a autoeficácia necessária para saber posicionar-se na Vida.

Aprendizes do Futuro são auto-orientados a Ganhar a Vida

 

Como disse Carl Rogers, “o único homem educado é aquele que aprendeu como aprender, como adaptar-se à mudança; é o homem que compreendeu que nenhum acontecimento é seguro, e que somente o processo de buscar o conhecimento fornece a base para a segurança”.

Precisamos saber “ganhar a vida”, como disse o nosso respeitável educador Paulo Freire. E a vida está repleta de intensas mudanças e transformações no mundo.

A função limitada de transmissão de conhecimento que algumas escolas e professores se propõe é altamente questionável para o Futuro. Hoje partimos do princípio de que para ser mais inteligente é preciso “saber mais”. É preciso ter mais informação, mais escola, mais professor e mais conteúdo. Apóiam-se na crença ultrapassada de que “mais” é melhor.

A Escola e as Organizações estão construindo um caminho duvidoso para o seu futuro, ao escolher oferecer “mais” conteúdo, em vez de melhor processamento das informações. Uma coisa é certa. Aos 15, 17 ou 19 anos esse aluno precisará ser autônomo, responsável e se “bancar”. E não temos certeza hoje de que todo esse conteúdo o ajudará não construção dessa responsabilidade e autonomia.

Dessa forma muitas escolas, professores e programas de treinamento nas Organizações passam a ser desinteressantes, pois utilizam 70% do seu tempo trabalhando com conteúdos que não tem relevância nenhuma para o aumento de recursos do aprendiz, ajudando o a lidar de maneira efetiva com os problemas e desejos de sua realidade.

Os alunos estão angustiados com os problemas emocionais e cognitivos que possuêm, não conseguem se expressar e manifestam pouca conexão emocional para serem ouvidos e respeitados. Chegam na aula e tem que aprender sobre Juscelino Kubitschek (nada contra o presidente). Porque ele tem que aprender sobre alguém que ele não conhece se quem o conhece ainda não aprendeu quase nada sobre ele? Porque aprender sobre Pedro Alvarez Cabral, se a professora e os pais não conseguem compreender a vida dele? O que ele passa, o que sente, como ele percebe a vida.

Os aprendizes do Futuro não estão utilizando essa abordagem conteudista. Os conteúdos são criados a partir do que o currículo escolar ou o professor pode ou acredita ser importante, não exatamente no que o aprendiz realmente precisa para “ganhar a sua vida”, e muito menos no que a vida exige em termos de conhecimento nos próximos 10 anos.

Essa dissonância acontece cada vez mais, pois os Aprendizes do Futuro preferem o aprendizado que lhes ajude a FAZER ALGO MELHOR do que a informação que lhe faz parecer mais inteligente.

Condições capacitantes que possam ajudar o Aprendiz do Futuro

 

Gostaria de compartilhar alguns princípios que estamos aprendendo e aplicando em Instituições de Ensino e Organizações para acelerar o processo de aprendizagem de equipes e talentos em contextos de transformação:

1 – Busque construir estratégias para que o aprendiz consiga se apropriar, não de informação, mas de conhecimentos que o ajudem a ganhar domínio das atividades e tarefas necessárias para a realização de seus objetivos mais concretos e relevantes.

2 – Para aprendizes do Futuro, não é a informação propriamente dita, mas o apoio emocional e procedural que gera o domínio dos processos e atividades necessárias para se cumprir objetivos por ele mesmo desenhado. Ele não está esperando por um professor (que professa), mas por um agente de processos que tem clareza dos resultados e processos envolvidos. Que sabe diagnosticar os objetivos e o nível de aprendizagem que a pessoa se encontra. Que sabe acompanhar e subsidiar, localizando competências e tarefas no processo, indicando conquistas e desafios.

3 – Aprendizes do Futuro estão interessados em descobrir suas potências e transformá-las em valor. Ajude-os a amplificar duas ou três de suas inteligências, transformando seus talentos em algo produtivo e desejável para sua comunidade e para o mundo.

4 – Ajude o aprendiz a conhecer melhor como ele se comporta diante da Realidade. Ele tem chances de aprender melhor “fazendo” o que precisa ser feito. Ajude-o a compreender como as coisas funcionam, como decifrar processos. Demonstre casos e experiências reais do que precisa ser aprendido.

5 – Ajude-o a direcionar seu próprio aprendizado com as 7 perguntas relevantes:

a) O que estou realmente precisando aprender?
b) Quem são os experts?
c) O que eles consideram crucialmente importante aprender para que você seja proficiente?
d) Existe algum vídeo, artigo, livro, podcasting que possa ajudar a complementar minha aprendizagem?
e) Quais são as três palavras-chave para procurar na internet?
f) Depois das perguntas anteriores, sei o que é relevante saber e como agir?
g) Como posso construir um plano de ação e aplicá-lo no meu dia-a-dia?

6 – Incentive-o a obter contato com ambientes de alta performance onde possa “aprender fazendo com os melhores”. Dê oportunidade de observar e interagir com profissionais que fazem muito bem o que precisa ser feito.

Aprendizes do Futuro procuram entender as razões e os caminhos pelas quais  seus talentos podem e devem ser manifestados, tornando-se seres de realização.

Para o Filósofo Espinosa, a Liberdade é ativa quando consegue compreender a ordem e a conexão necessária do Real, a produção do real e a inserção do homem nessa produção. A paixão guiada pela consciência que temos de alcançar a plenitude de nosso ser através da compreensão de nós mesmos e da manifestação de nosso propósito, de nossa causa ativa.

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